segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

C.C.CORVAL (1) CABRELA (0)

Num jogo mal jogado entre duas equipas que sabem e podem fazer muito mais e melhor, foram as próprias circunstâncias do mesmo que terá tirado discernimento aos intervenientes, levando-os a produzir uma exibição individual e colectiva pouco consentânea com a qualidade e valia de ambos os conjuntos.
Por um lado, a ausência de alguns jogadores preponderantes na equipa da casa, como Zé Belo, Ricardo Vitorino, Roberto, Lameira e Álvaro, quase todos titulares indiscutíveis, mais o facto da equipa querer regressar às vitórias, e por outro lado, a forma retraída, demasiado cautelosa e pouco ambiciosa como os visitantes encaram o jogo, deu numa mistura sensaborona, de poucos condimentos: sem sal e pimenta.
Valeu a entrega de todos, e a forma como se aplicaram e fizeram de cada lance uma pequena batalha (sempre leal) rumo a uma, hipotética, vitória final.
Ainda assim, indiscutivelmente, foi a equipa de Bale, sob a batuta de Paulo Bento (tudo muda logo de figura quando está em campo e toca na bola) aquela que mais procurou o golo, a que mais fez para chegar junto da baliza contrária e, diga-se, a que mais quis ganhar.
Nos primeiros 45 minutos, a Casa de Cultura desperdiçou três flagrantes oportunidades (Bibiu por duas vezes isolado perante Carocho e Sérgio Fialho com a baliza escancarada e sem guarda-redes fez o mais difícil muito próximo da linha de golo: atirou por cima), enquanto o Cabrela apenas se mostrava em alguns lances de contra-ataque, onde Cristoph, Gil e Tó, sempre muito desacompanhados na frente, lá iam colocando a defesa contrária em sobressalto, mas foi um grande remate, fora da área, de Tó que levou Bruno a fazer uma grande defesa. Perante tanta ineficácia, o nulo ao intervalo penalizava, sobretudo, a equipa do Corval.
Na segunda parte, mais do mesmo: o Cabrela a fazer jus à estratégia montada por Cipriano Madeira, sempre muito cautelosa, com linhas muito recuadas e uma aposta forte no contra-ataque, com o “tridente” mais adiantado a tentar resolver, mas não era fácil, porque a equipa nunca os soube potenciar, pois o esférico raramente lá chegava em condições, uma vez que o pontapé na frente foi o recurso mais utilizado pelos seus colegas de equipa, perante o desagrado do seu técnico.
Neste capitulo, esteve melhor o Corval que, com Paulo Bento a fazer mexer a equipa, jogou mais tempo no meio-campo adversário e continuou a criar e a desperdiçar oportunidades. Até que chegou o lance mais polémico do jogo, com Rogério a cometer falta sobre Pedro Cartaxo, entretanto chamado à equipa neste segundo tempo, dentro da grande área. Por indicação do auxiliar Valter Rufo, Ricardo Ferreira apontou para a marca de grande penalidade. Paulo Bento chamado a marcar, fez viajar Carocho para a sua esquerda e atirou a bola para a sua direita. Pura classe!
Seguiu-se depois a expulsão de Rogério, na equipa do Cabrela (por palavras, uma vez mais por indicação do auxiliar Valter Rufo), e o jogo ficou mesmo decidido.
Vitória justa do Corval que, embora tenha marcado de grande penalidade, criou suficientes oportunidade, e flagrantes, para vencer um jogo onde foi melhor e mais forte que o seu adversário. Cipriano Madeira pode queixar-se da forma como os seus jogadores não souberam interpretar a estratégia previamente definida para este jogo. Com a capacidade dos três da frente, a bola deveria lá chegar um pouco mais tarde, se fosse caso disso, mas jogável e em condições, e não tipo “chuveirinho”.
Por sua vez, o Corval mereceu a vitória e mostrou que o plantel é vasto e tem qualidade, mas não se pode dar ao luxo de jogar tantas vezes sem alguns dos seus jogadores nucleares. Mas num clube amador, com atletas amadores, quem é que pode criticar ou apontar o dedo a quem não pode jogar ou treinar devido à sua vida profissional?
Em jeito de rodapé, resta dizer que o Cabrela é uma boa equipa, muito bem orientada, e constituída por um bom lote de jogadores. Sinceramente, a classificação engana, e muito.
O mesmo se pode dizer do Corval. Para quem não assiste aos seus jogos, dir-se-á que os adversários são melhores e superiores. Mas para quem assiste, facilmente chegará à conclusão que o “enredo” está mesmo em colocar a bola na baliza adversária, porque dentro das quatro linhas é “tu cá tu lá”, mas o futebol e as vitórias vivem de golos, e quem não os marca …..
Quanto ao trio de arbitragem, algum protagonismo para o auxiliar Valter Rufo, mas atribuo-lhe o benefício da dúvida, se não vejamos: na grande penalidade um jogador de cada equipa discutem o lance na grande área do Cabrela, os jogadores envolvem-se e o do Corval cai. Valter Rufo é peremptório a levantar a bandeirola. Só as imagens televisivas poderão, ou não, esclarecer. Estamos conversados?
Quanto à expulsão: vamos ter que perguntar ao jogador do Cabrela e a Valter Rufo quais foram as palavras proferidas pelo jogador. Aqui, nem as imagens televisivas poderiam ajudar.
De uma coisa tem Cipriano Madeira razão: a prepotência e arrogância como se mostram alguns cartões aos jogadores, tira qualquer um do sério. Está tudo dito!

Joaquim Oliveira