segunda-feira, 23 de novembro de 2009

EMPATE INJUSTO? PARA QUEM?

À partida para este jogo, Corval e Estremoz estavam cientes das dificuldades com que se iriam deparar, pela reconhecida capacidade do adversário, mas também da responsabilidade que o próprio encontro acarretava quanto ás aspirações de cada um.
Com uma desvantagem de cinco pontos para o seus adversário, líder da competição com dez, a Casa de Cultura de Corval era quem mais tinha a perder com um eventual mau resultado ao cabo dos 90 minutos, uma vez que as coisas não têm corrido da forma como todos julgariam e desejariam.
Talvez por isso, foi o Estremoz quem melhor entrou no jogo, com mais posse de bola e a jogar mais no meio-campo ofensivo, aproveitando os primeiro dez minutos para não só bloquear o impto atacante dos da casa, mas também para os colocar em sentido.
A partir dos dez minutos, a Casa de Cultura equilibrou a contenda a meio campo, Paulo Bento começou a pegar no jogo e Roberto e Bibiu tornaram-se numa enorme dor de cabeça para o último reduto contrário. Até ao final da primeira parte a toada não se alterou e a equipa da casa só se pode queixar de si própria, pois Roberto e Bibiu na cara de Chuma não conseguiram concretizar e ainda viram vários remates, em zona frontal e junto à grande área, saírem sistematicamente por cima do travessão. Por sua vez, era em lances de bola parada que a equipa do Estremoz conseguia levar algum perigo junto da baliza de Bruno, tendo criado numa dessas situações a sua melhor ocasião para marcar.
Ao intervalo o 0-0 castigava sobretudo o desacerto na finalização por parte da equipa de S. Pedro do Corval e alguma inoperância atacante por parte dos estremocenses.
Tal como no início do jogo, foi o Estremoz quem voltou a entrar melhor para a segunda parte e de que maneira. Com apenas dois minutos jogados, Festa inaugurou o marcador para a sua equipa, beneficiando do infortúnio do seu marcador directo, Álvaro, que se lesionou precisamente no momento em que a bola viajava para a área na sua direcção, depois de um excelente cruzamento de João Nuno.
Este foi um excelente tónico para a equipa orientada por José Carlos Mourão, enquanto que os pupilos de Balé acusaram o rude golpe e tardaram a responder.
Sensivelmente com vinte minutos jogados, o Corval encheu-se de brios e, aproveitando o recuo e algum conforto excessívo no jogo por parte dos jogadores do Estremoz, lançou-se em busca do golo da igualdade. Balé não fez a coisa por menos e avançou para uma frente-de-ataque de cinco jogadores (Roberto, Bibiu e Vitorino, com Nuno Bernardino e Paulo Bento nas costas) e o jogo partiu-se autenticamente. Disse-o na altura que, ou para um lado ou para o outro, a corda iria esticar em demasia e nada ficaria como até ali. E assim foi. Esteve melhor o Corval que tanto profiou que acabou por chegar com inteira justiça ao golo do empate por intermédio de Ricardo Vitorino e viu ainda o auxiliar anular-lhe um golo por pretenso fora-de-jogo no último lance do encontro.
Se é verdade que o Corval pelo que fez durante todo o jogo não merecia perder, também não deixa de ser verdade que o Estremoz teve na mão os três pontos em disputa, mas ao recuar tão cedo no terreno de jogo e, pior do que isso, ao praticamente abdicar do ataque, hipotecou a vitória ao caír do pano. Por isso é justo pergutar-se: injusto para quem?
No final Balé estava inconformado com o desfecho do jogo, reportando-se ao golo sofrido: "sinceramente começo a acreditar que temos de ir à bruxa. Sofremos golos de qualquer maneira. Um infortúnio do Álvaro permitiu ao jogador deles fazer o golo completamente sozinho e depois as nossas bolas não entram". Quanto à situação da equipa no campeonato recordou a temporada passada: "na época passada estavamos nós à frente com oito pontos de vantagem sobre o Perolivense e viu-se o que aconteceu. Esta época estão eles à frente. Vamos fazer contas só no final do campeonato".
Por sua vez, José Carlos Mourão estava desolado pela forma como a sua equipa tinha visto fugir dois pontos mesmo no final do jogo, mas acabou por aceitar o empate: "não estou contente pela forma como perdemos aqui dois pontos, mas aceito que o empate é o resultado mais justo pelo que o Corval fez ao longo de todo o jogo". Para depois elogiar o adversário: "não sei como é que esta equipa do Corval tem apenas seis pontos em cinco jogos. Tem uma boa equipa, com bons jogadores e muito bem orientada, mas o futebol é mesmo assim", concluíu.
Toy, com 46 anos, mas bem estimados, e Pipe (enquanto esteve em campo) estiveram em evidência no Estremoz, enquanto que Lameira, Roberto e Bibiu se destacaram na equipa da Casa de Cultura de Corval. No entanto, Paulo Bento foi quem mais brilhou, pelo que jogou e fez jogar.
O árbitro Gonçalo Freira realizou uma exibição com altos e baixos: não comprometeu tecnicamente, mas teve critério desigual no campo disciplinar e muito mal no que concerne aos «preciosismo», por vezes com tiques de vedeta, e sobretudo no bom senso, algo que não se aprende nos cursos, mas sim na escola da vida. É jovem, tem qualidades e pode ser alguém na arbitragem, mas é preciso gostar verdadeiramente do que faz, ser ambicioso, fazer sacrifícios e ser humilde. Cabe a ele decidir qual o futuro que pretende dar à sua carreira de árbitro.

Joaquim Oliveira
RC Alentejo