segunda-feira, 11 de outubro de 2010

CABRELA – 3 C. C. CORVAL – 1

A TÉNUE FRONTEIRA ENTRE O JOGAR BONITO E O SABER JOGAR ….

Com efeito, as vitórias são quase sempre associadas ao “jogar bem”, mas, na prática, é o “saber jogar” que proporciona vitórias e pontos.

Em Cabrela, num campo de reduzidas dimensões e em muito mau estado dadas as péssimas condições atmosféricas, a equipa da casa foi sempre mais lúcida e intencional no tipo de estratégia preparada para este encontro que se adivinhava difícil, não só pelas condicionantes acima referidas, mas também pela qualidade da equipa da Casa de Cultura de Corval que, depois da estrondosa vitória sobre o Borbense (Divisão de Honra) por 3-0, em jogo da Taça Distrito de Évora, tinha deixado em alerta a formação orientada por Cipriano.

O Corval até entrou bem na partida, com posse de bola, equipa organizada e compacta que dominou o primeiro quarto de hora do jogo, altura em que se colocou em vantagem por intermédio de Bibiu, numa jogada de insistência do ataque corvalense.

Tudo parecia correr sobre rodas para a formação de Balé, quando, talvez picados pelo “mosquito do facilitismo”, os seus jogadores começaram a coleccionar erros atrás de erros, sobretudo ao nível do trato da bola, permitindo ao Cabrela equilibrar a partida e acabar por se superiorizar no comando do jogo, aproveitando a forma pouco competente como os jogadores adversários começaram a abordar o jogo.

Num campo impróprio para a bola rolar, cheio de buracos e muita terra, os defesas e médios da Casa de Cultura teimaram em sair a jogar desde a sua zona defensiva, perdendo muitas bolas e isolando por completo o tridente mais atacante (Bibiu, Vitorino e Roberto). Agradeceu o Cabrela para subir as suas linhas e colocar em constante sobressalto o guarda-redes Bruno. Em dois desses lances, a equipa da casa daria mesmo a volta ao marcador.

Primeiro numa clamorosa falha de marcação após a transformação de um pontapé de canto, onde Rogério apareceu a cabecear com mestria para o empate, e depois numa perda de bola em zona proibitiva (com os dois centrais a ficarem muito mal na fotografia), cabendo a Marinho finalizar em grande estilo uma assistência de morte de Tó.

Ao intervalo, o resultado ajustava-se ao desenrolar dos primeiros 45 minutos e castigava, de que maneira, a forma, repito, pouco competente como a Casa de Cultura esteve no jogo.

Por outro lado, Cipriano e os seus pupilos tinham encontrado o antídoto para travar o futebol mais tecnicista da equipa contrária e chegar com perigo junto da baliza de Bruno.

A verdade é que a segunda parte foi uma fotocópia fiel da primeira. O Cabrela a apostar na mesma estratégia, pressão alta e futebol directo, enquanto que o Corval voltou a apresentar o mesmo erro estratégico: jogar a bola no pé num campo impraticável. Ao fazê-lo pagou uma factura bem cara numa altura em que procurava o golo do empate, pois seria no seguimento de mais um lance em que o central António tentava sair da sua zona defensiva com a bola no pé (como se isso fosse possível) que perdeu para um adversário sendo depois obrigado a cometer uma falta em zona frontal e muito perto da linha limite da sua grande-área. Vilas executou o livre superiormente e acabou com o jogo.

A vitória ajusta-se à equipa da casa pela forma como soube abordar o encontro e controlá-lo em todos os seus domínios, intra-jogo (tacticamente) e extra-jogo (condicionantes do campo e tempo).

Quanto ao Corval, perdeu porque não foi competente no que lhe competia fazer, mas também porque teve pela frente uma equipa que, pelo contrário, “sabia-a toda”.

A Casa de Cultura quis jogar bonito e perdeu. O Cabrela soube jogar bem e venceu. Afinal, como diz José Mourinho, “a melhor estratégia é aquela que ganha”.

O Corval não levou pontos de Cabrela, mas levou uma grande lição de como se deve abordar um jogo para o tentar vencer. Não chega ter bons executantes e formar uma boa equipa, pois num campo naquelas condições isso de pouco vale.

Quanto à arbitragem, na globalidade, sem grandes problemas, contudo há um lance de “bola no braço” ou braço na bola” na área de Carocho, na primeira parte, que nos deixou muitas dúvidas. O árbitro entendeu que foi “bola no braço” e nada assinalou, mas por parte da Casa de Cultura houve muitos protestos. O benefício da dúvida para o juiz Alberto Silva.

Joaquim Oliveira – RC Alentejo