terça-feira, 15 de dezembro de 2009

VITÓRIA GORDA EM EXIBIÇÃO FINA

A Casa de Cultura de Corval venceu sem apelo nem agravo o Azarujense por 4-0, mas voltou a evidenciar a sua maior lacuna no presente campeonato: a finalização.
Com efeito, para uma equipa que marca quatro golos, apelidar de lacuna a finalização até pode parecer contraproducente, mas só para quem não assistiu ao jogo.
Numa tarde de Sábado de muito frio, o jogo iniciou-se inclinado para a baliza de Passarinho e assim permaneceu até ao apito final do árbitro da apartida.
Numa exibição muito refinada, o Corval, optando sempre que possível por jogar com a bola rente ao pelado, como aliás é seu apanágio e imagem de marca do seu técnico, desde cedo deixou perceber quem mandava no jogo e o que pretendia. Muito forte a defender, astuto a controlar o meio-campo e o jogo e feroz e criativo no ataque, a formação do Azarujense não teve outro remédio do que resguardar a sua baliza e impedir, na medida do possível, as investidas do ataque corvalense. O problema é que o Corval jogava todo-o-terreno, ou seja, não tinha zonas preferenciais para atacar, criando por isso muitas dores de cabeça ao último reduto contrário. Desta forma, o Azarujense procurava juntar mais gente atrás, acabando por se acantunar dentro dos trinta metros à frente de Passarinho.
O Corval jogava, porfiava, criava oportunidades, mas os golos não apareciam. Não fosse a tarde afinada de Roberto, com a obtenção de dois golos no primeiro tempo, e o Corval poderia ter tido mais um desagradável amargo de boca. Para rematar o que atrás disse, recordo que até uma grande penalidade a equipa da casa desperdiçou por intermédio de Paulo Bento.
A segunda parte começou com o melhor tónico possível para o Corval e ao mesmo tempo com a estocada final nas aspirações do Azarujense. Roberto encheu-se de brios e facturou o seu terceiro golo no jogo e do jogo. A partir daqui a história da partida estava contada quanto ao vencedor, restava conhecer o seu epílogo quanto ao resultado final.
A toada em nada se alterou, houve sempre muito Azarujense a defender e pouco a atacar. A equipa de de S. Bento do Mato nunca mostrou argumentos para poder discutir o jogo com o seu adversário e confirmou o porquê de ter somado apenas três pontos em oito jogos. Significativo.
Quanto ao Corval, os golos continuam de costas voltas para as exibições, que na maioria dos casos são boas ou suficientes para alcançar bons resultados, mas a verdade é que são os golos que dão vitórias e pontos e a sua posição na tabela classificativa reflecte isso perfeitamente. E, por mais caricato que possa parecer, o jogo até acabou com a imagem de marca deste Corval: Roberto falhou um golo em plena pequena área e com a baliza completamente desguarnecida. Assim ...
Vitória sem mácula da Casa de Cultura, perante uma equipa que nos pareceu globalmente frágil, mas humilda e lutadora. O Azarujense nunca baixou os braços e fez pela vida, o que era possível fazer. Registe-se ainda que atirou uma bola à barra e viu ainda Tiago desperdiçar a sua melhor oportunidade, quando na cara de Bruno não conseguiu bater o guarda-redes local.
Balé era um homem satisfeito no final do jogo: "conseguimos finalmente alear uma boa exibição com a obtenção de quatro golos, que é o que nos tem faltado. Vamos agora pensar jogo a jogo como se fossem finais e tentar ganhá-las para tentarmos chegar o mais perto possível dos lugares cimeiros", disse.
Já Pedro Silva era um técnico conformado com o resultado: "penso que o Corval foi um justo vencedor e o resultado acaba por se aceitar. Tentámos adiar o mais possível o golo do Corval, mas não foi possível e depois tudo se tornou mais difícil", referiu.
Roberto, por parte do Corval e Carlos Pereira, por parte do Azarujense, cotaram-se como os melhores em campo nas respectivas equipas, embora no Corval toda a equipa tenha estado bem, mas quem marca três golos num jogo ....
Bruno Piçarra e seus pares realizaram só, em minha opinião, a melhor exibição de uma equipa de arbitragem nos campeonatos distritais nos últimos anos. Muito bem. Que a humildade, o respeito por todos os intervenientes no jogo e a honestidade possam continuar a ser o suporte para uma carreira que se espera de sucesso, porque a qualidade está lá.

Joaquim Oliveira
Narrador do jogo na RC Alentejo