domingo, 24 de outubro de 2010

CANDIDATO «PUXOU DOS GALÕES»

Sem apelo nem agravo. Assim foi a vitória do Clube de Futebol de Estremoz frente à Casa de Cultura de Corval por 4-2.

Depois de 45 minutos de grande futebol, com muita posse de bola e várias oportunidades criadas, a equipa orientada por José Carlos Mourão resolveu o jogo em apenas cinco minutos com a obtenção de três (!) golos, por intermédio de Ruben, Abegão e Soares (aos 21, 22 e 26 minutos, respectivamente).

Depois da tormenta, Balé mexeu na equipa, ele próprio saiu para dar lugar a Ricardo Vitorino e a verdade é que as coisas melhoraram, não pela saída de Balé, mas porque Vitorino foi jogar ao lado de Zé Belo o que permitiu a Roberto recuar alguns metros no campo, dando uma grande ajuda a Mário Amélio no miolo do terreno (mais uma boa actuação), uma vez que Nuno Bernardino, claramente em sub-rendimento, não dava conta das «encomendas» adversárias. Aliás, em minha opinião, seria Nuno Bernardino a sair e não Balé.

Uma superioridade inequívoca da equipa da casa nesta primeira parte, com uma linha média de meter inveja (Pinto, Abegão, Tracanas e Fábio), uma dupla avançada muito móvel e dinâmica (Ruben e Soares) quando em posse de bola, e um bloco homogéneo e solidário no processo defensivo.

Pelo contrário, a equipa da Casa de Cultura de Corval realizou, talvez, os piores 45 minutos da época, não conseguindo fazer frente à linha média adversária na luta pela posse de bola e completamente desconcentrada a defender, permitindo que o adversário jogasse a seu bel-prazer e criasse várias ocasiões para marcar. Algumas delas desperdiçadas de forma incrível. Não fosse uma exibição «do outro mundo» de André e o saco até poderia ir mais cheio para as cabinas ao intervalo.

Posto isto, a única dúvida residia no facto de se saber como iriam os jogadores das duas equipas reagir ao descanso e ao próprio resultado que se verificava na altura. E foi o Estremoz quem primeiro respondeu a esta dúvida: entrou de rompante, e em apenas três minutos, atirou uma bola à barra, desperdiçou outra grande oportunidade por Ruben e acabaria por fazer o quarto golo através do mesmo jogador. Com 4-0, os três pontos estavam praticamente atribuídos, restava aguardar pelo resultado final, mas como o jogo estava a ser encarado pelas duas equipas, sem grandes preocupações defensivas, esperavam-se mais golos. E houve. Foi a vez do Corval dar um ar da sua graça, já com o Estremoz em descompressão, e marcar por duas vezes, por intermédio de Zé Belo (segundo golo em dois jogos como titular) e Roberto. Mas ficou-se por aí a formação de São Pedro de Corval.

Tentou fazer mais e melhor, é verdade (começou o jogo em 4x1x4x1 e acabou em 4x2x4), mas quando se preparava para fazer o último assalto à baliza de Chuma nos últimos 20 minutos, foi atraiçoada pela condição física dos seus jogadores, pois jogar num relvado sintético não é fácil, para mais para quem não está habituado e o fazia pela primeira vez. Mas valeu pela segunda parte.

Este Estremoz é candidato sim senhor! Mesmo sem ter visto a esmagadora maioria das equipas participantes nesta competição, pergunto: quantos Abegão e Tracanas, entre outros, temos por aí?

Boa mescla entre a juventude e a experiência, equipa dotada de jogadores rápidos e tecnicistas e um bloco que funciona no seu todo. José Carlos Mourão tem razões para estar feliz e acreditar que, a manter estes jogadores e este nível de jogo, é mesmo candidato à subida. Agora, não vão ser favas contadas para ninguém, pois o campeonato vai ser longo, competitivo e há por aí campos e campinhos onde a classe e a qualidade pouco interessam. É preciso saber jogar frente a todos os “adversários”.

Quanto ao Corval, o seu técnico acredita que é igualmente candidato aos primeiros lugares, agora: e os jogadores? A bola está nos seus pés. Balé, em declarações à RC Alentejo no final do jogo, enviou a mensagem «registada e com aviso de recepção», resta aguardar que os destinatários a recebam e a percebam.

Tem jogadores, tem futebol e, no processo ofensivo, continua igual a si própria: produz e desenvolve futebol e cria várias oportunidades, mas é o processo defensivo que está a deitar tudo a perder. Quando o bloco, nomeadamente as compensações, não funciona a defender, quem lhe pode depois valer com uma desvantagem de 0-4? Animicamente é difícil responder a um resultado destes. Há muito trabalho a fazer, mas é urgente que os jogadores reajam e possam responder dentro das quatro linhas quanto antes, ou cavarão, irreversivelmente, o seu próprio «fosso» pontual em relação aos primeiros.

Abegão e Tracano destacaram-se na equipa da casa, enquanto que André e Mário Amélio foram, de longe, os melhores da Casa de Cultura.

Quanto ao trio de arbitragem, pouco há a dizer: bela actuação de Hugo Quintino e seus pares. Aliás, este árbitro está a mais nos distritais de futebol. Não fossem outros interesses que se continuam a levantar no futebol português e Hugo Quintino não faria parte deste filme. Tem qualidade e capacidade para muito mais …. se o deixarem.

Joaquim Oliveira – RC Alentejo