Com letra e música de Balé, a orquestra sob a batuta de Nuno Bernardino e tendo como intérpretes os jogadores da Casa de Cultura de Corval, a formação corvalense, com o tema “O Fado do Golo” foi uma vez mais a grande vencedora do festival de golos falhados e de pontos perdidos, que no passado Sábado se realizou no Parque Desportivo daquela Aldeia do concelho de Reguengos de Monsaraz.
O empate a um golo com o São Romão é demasiado penalizador para quem tanto jogou e criou, mas cujas circunstâncias do jogo, uma vez mais, impediram que a totalidade dos pontos em disputa fosse atribuído com inteira justiça à equipa da casa.
Não que isto dizer que a equipa do São Romão tenha sido apenas uma mera “peça decorativa” neste belo bailado de bola protagonizado pela equipa orientada por Balé. Nada disso, mas que andou lá perto, sobretudo na primeira parte, lá isso andou. Aliás as lúcidas (e honestas diga-se) palavras do técnico forasteiro, Edgar Dias, sublinham tudo o que acima descrevi.
Com efeito, pode dizer-se que este Corval teve nota máxima na sua actuação artística, mas nota negativa na parte técnica, porque no futebol, são os golos que dão vitórias e pontos.
Os primeiros 45 minutos foram um regalo para os olhos de quem gosta de futebol de ataque, bem jogado, de bola no chão, de pé para pé até chegar à baliza do adversário. Mas depois, os ferros (quatro remates tiveram este destino), as belíssimas intervenções do guarda-redes Jaime ou a pura desinspiração dos atacantes da casa evitaram que o volume de jogo ofensivo se traduzisse em golos. Foi, de facto, uma primeira parte muito difícil para a equipa do São Romão, que raramente teve a oportunidade de descer à área contrária, pois só o poderia fazer se tivesse bola e isso o Corval quase sempre não lhe permitiu.
Os comandados de Edgar Dias refugiaram-se no seu meio campo defensivo, evitando assim males maiores, tentando depois em rápidos contra-ataques surpreender o último reduto corvalense. A lição estava bem estudada, a equipa nunca se desposicionou, bem organizada, mas não dava para mais. O Corval estava endiabrado e por isso a ordem era para defender o “forte”, entenda-se a sua baliza, onde Jaime era dono e senhor. E a verdade é que ao intervalo o nulo era extremamente lisonjeiro para a equipa visitante e demasiado penalizador para a equipa da casa.
Na segunda parte, como se não bastasse, e como faz sentido a sabedoria do povo: “um mal nunca vem só”, foi o S. Romão a equipa a inaugurar o marcador num golo de todo caricato e merecedor de figurar no youtube e em qualquer bloco de imagens dos golos mais incríveis do futebol. Depois de um remate frontal de Lourenço, a bola partiu sem muita força em direcção do guarda-redes Bruno, mas ao deitar-se para a agarrar viu esta bater num pedaço de terra levantada e a passar-lhe por cima. Com enorme fortuna a equipa visitante saia por cima no marcador. E a verdade é que, embora não tenha impedido que o Corval continuasse dominador, este golo acabou por atenuar um pouco mais as diferenças existentes durante a primeira parte. O São Romão teve oportunidade de fazer subir um pouco mais as suas linhas, mas seria sol de pouca dura, pois os pupilos de Balé voltaram à carga e foi com inteira justiça que igualou a partida. Um bom tónico para o que ainda faltava para se jogar? Puro engano. Tivemos isso sim mais do mesmo. O Corval a atacar, a criar e a desperdiçar e o São Romão, nesta fase já com jogadores em claras dificuldades físicas, a defender o pontinho a todo o custo. Aliás, o resultado não viria a sofrer mais alterações até ao apito final do Árbitro Alberto Silva.
Em suma, o fado do Corval voltou a repetir-se. A música (futebol) até pode ser bonita, mas ou a letra (finalizar melhor) muda ou será muito difícil vencer jogos. Por sua vez, o São Romão continua a sonhar com um eventual apuramento para a Fase Final da competição, mas também com este empate a sua vida ficou mais difícil para alcançar este desiderato.
A equipa de arbitragem, liderada pelo Árbitro Alberto Silva, esteve em bom plano, embora mereça um reparo quanto ao tempo de compensação dado na primeira parte, pois com quatro paragens no jogo, cujos jogadores foram todos assistidos dentro das quatro linhas e uma substituição, não se compreende que tenham sido aditados apenas cerca de três minutos. Só num dos lances em que dois jogadores chocaram cabeça com cabeça, o jogo teve parado pelo menos dois minutos.
De qualquer maneira, este pequeno reparo em nada belisca a sua boa actuação e dos seus pares.
Joaquim Oliveira
RC Alentejo
2 comentários:
isto é futebol!! não é poesia...
Futebol é poesia! e a Casa de Cultura está a jogar muito bem. Só faltam os golos. Parabéns ao Oliveira pela crónica muito bem feita. O jogo foi assim sim senhor.
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